A Taverna do Corsário é um pequeno estabelecimento e grande ponto de encontro. Esta localizada no final da Praia da Rama, na Baía de Dark - um Vilarejo, situado entre as Ilhas do Farol e Bucaneiros, com pequeno número de almas vivas, porém com grande número de fantasmas. Em Dark, após o último lampião apagar, os moradores juram que em noite de grande bruma salina, navios piratas-fantasmas são avistados na baía entoando a mesma canção: “Sete piratas sobre um caixão e uma garrafa de rum, rô,rô,rô,rô!!!!”

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Cheiro de Mar

Clara olhava pela janela embaçada da Taverna. As sombras na praia dançavam com o vento que cantava. Fazia mais barulho fora da Taverna do que dentro. O taverneiro fumava seu cachimbo enquanto Petit Enfant dava comida para Pretinha e Russinha. Malvino dormia com a cabeça embaixo da asa. Clara suspirou. Sentia saudades de Dulce e do café de Canela. Suspirou de novo. Em menos de uma hora a Taverna estaria cheia e barulhenta. Estava ficando ranzinza. Gostava das pessoas mas adorava o silêncio que a deixava ouvir o mar.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Copa Mundial de Boleiros


Chovia copiosamente em Dark. Há três dias d. Cotinha tentava sintonizar a maldita caixa de fazer barulho. Antes Padre Poce pregando do que este vento uivando, pensou. Não se sentia animada a fazer sua crônica semanal. Essa chuva embota as idéias, resmungou para si mesma. Olhou para Romeu, que jazia imóvel há mais de 24 horas. Esticou o dedo e cutucou o gato. Ele não se mexeu, mas ronronou alto, reclamando. Mexer prá quê, não é mesmo Romeu? Com essa chuva dormir está de bom tamanho. Quando conseguiu sintonizar o rádio notou que não era Pe. Poce

que fazia a pregação. Na verdade não havia pregação. Mas reconheceu a voz, mesmo em meio a tanto chiado. Correndo, pegou seu bloquinho de notas e pôs se a copiar o que o homem dizia.

Na Taverna Petit Enfant tentava fazer Malvino calar-se para ouvir o Rádio. Sabia que o Taverneiro esperava pelas palavras de Sazarg para poder tomar uma atitude. Mas o papagaio estava impossível. Os dias de chuva deixavam-no irritado e inquieto. Sacudia-se e gritava o tempo todo. Não quero dormir! Quero sair! Quero café! Era um tal de quero, não quero, que Clara veio da doceria atraída pelos gritos do bicho. Malvino! Acalme-se! E estendendo uma canequinha de café ardido aquietou a ave. Bem na hora, pensou Petit.

O Taverneiro aproximou-se do Rádio. Ouvia com atenção. Antes da viagem Sazarg

havia dito que tentaria inscrever Dark no Campeonato Intercontinental de Pelotas. Até então, apenas o time de Bucaneiros havia conseguido esta façanha. Pelo rádio ouviu o vizinho dizer que em 45 dias a seleção de Dark estaria pronta para disputar os 03 jogos que garantiriam a classificação e permitiriam a pequena Ilha a fazer parte das 12 seleções do campeonato. Na rádio perguntaram sobre preparação, nome dos jogadores, mas Sazarg nem havia respondido que era segredo e que seu assistente técnico estava tomando conta de tudo, quando o Taverneiro saiu pela porta.

A notícia corria de porta em porta. Literalmente. D. Cotinha esqueceu a chuva e espalhava que Dark faria parte do Campeonato Intercontinental de Boleiros. Com caderninho na mão questionava os moradores sobre a possível escalação do time.

O Taverneiro já estava na Casa dos Ferreiros quando d. Cotinha apareceu na porta. Assoviando, Santis avisou Wolf sobre a presença da mesma. Rapazes, já sabem da novidade? Dark participará do Intercontinental de Boleiros! Vocês não acham que o Açougueiro deveria ficar no Gol? E que Bernardo embora seja jovem deve jogar? Vocês acham que Sazarg consegue montar o time? Olhava para um e para outro e apenas Ampaz balançava a cabeça de forma afirmativa, como fazia quando era interpelado pela mulher que sempre esquecia que o rapaz era surdo. Será que o prefeito de Bucaneiros aprova essa participação? Não havia parado de falar um minuto quando avistou d. Bebete correndo com sua maleta embaixo do braço. Olhou para o alto e após um suspirinho e o comentário Isso é hora de bebê chegar ao mundo?!? e saiu correndo atrás da parteira.

Santis precisou dar um tapinha no ombro de Ampaz para que ele parasse de balançar a cabeça. E começou através de sinais, explicar ao irmão o que o Taverneiro queria ajuda para montar o time de boleiros.

sábado, 21 de novembro de 2009

Café Ardido e de Canela

Sazarg prepara sua mala para viagem. É bem verdade que Dulce que iria organizar tudo no final, mas ele insistia em ajudá-la. Iriam para Port Royal, rever os parentes de Dulcce. Abriu novamente o caderno e anotações. Nele haviam 21 nomes. Faltava apenas um. E ele acreditava que em Port Royal completaria a lista. Olhou a lista novamente. Riu e balançou a cabeça. Dobrou o papel cuidadosamente e foi até a porta da doceria. Atrás do balcão, Dulcce passava as últimas orientações para Clara. Durante um mês a florista seria responsável por tomar conta da doceria Candice. A doceira tentava passar para amiga a receita do Café Ardido, invenção de sua avó, Dra. Rosane, a primeira médica que se formou na Universidade de Tortuga. A médica havia criado um café para estimular a Rainha de port Royal, Catherine, que sofria de depressão e foi curada com as receitas da médica. A receita passou por 3 gerações, mas a florista se recusava a aprendê-la. É uma receita de familia, Dulcce. Não posso aprender. Minha querida, dizia Dulce, você é da família. pode não ser de sangue, mas de coração é com certeza. Petit Enfant balançava a cabeça de um lado para o outro. Olhava a tia e ficava extasiado com a beleza da doceira, que cheirava a chocolate. No final ficou combinado que o Café ardido não seria servido durante a ausência da doceira. No seu lugar serviriam o Café com Canela, receita de de Dr. Carlos, o boticário. Sazarg deu risada e voltou para dentro da doceria, ver se não havia esquecido nada.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Eu não gosto de dorrrrrmir



O Taverneiro virou-se para o lado. Nem bem havia ajeitado a barba no travesseiro, ouviu a porta bater. Virou-se e Pretinha estava de pé, na porta do quarto. Olhou para ela, pois parecia ansiosa, mas não do jeito que ficava quando ia atrás de gambás e ratazanas. Que foi Preta? E ela ficou nas duas patas e arranhou o outro braço. Começou a pular e saiu escada abaixo.
O taverneiro acendeu o candeal. Foi atrás. Não havia chegado embaixo ainda quando ouviu as panelas caírem na cozinha. Malvino começou a gritar. Não gosto de dorrrmir! Não gosto de dorrrmir!!! Desceu rápido. Ao chegar na cozinha o caos absoluto. As panelas de D. Julia estavam no chão. Na porta Pretinha observava e no meio da cozinha, atracada com um pedaço de pão, Ruça. O Taverneiro sentiu uma pontinha de remorso. Era lógico que se a Pretinha havia conseguido chegar em Dark, sua irmã e companheira de todas as horas, Ruça não ficaria para trás. Estavam sempre juntas. Brigavam e Brincavam. Juntas, sempre juntas. Um preta e outra amarela. O Taverneiro lembrou o dia que nasceram... que confusão. Olhou para a cadela que estava com as patas na frente do focinho, fazendo graça, como se estivesse envergonhada. Ruça, que bagunça!!!
Ria o Taverneiro. D. Julia não vai gostar nada, nada disso. A cadela de pelo pardo ao ouvir a voz do velho capitão ficou tão feliz pulava e mordia o amigo e ameaçou fazer xixi de alegria. Na cozinha não Ruça! Na cozinha não! Vamos lá fora. E, com pedaços de pão na mão, sentou-se com as duas amigas na soleira da Taverna. Não tinha mais sono e tratou logo de dividir o pão entre as duas. Olhou para Malvino que com a cabeça embaixo da asa dormia um sono profundo.

domingo, 8 de novembro de 2009

A chegada da companheira

O Taverneiro conferiu o último cadeado da Taverna. Portas fechadas. Na verdade as portas trancadas eram para resguardar a Taverna de gambás e bichos peçonhentos do que de intrusos ou visitantes indesejados. Em Dark muitos dormiam com as portas destrancadas e a lareira acesa, um hábito cultivado pela comunidade onde todos se conheciam. O Taverneiro deixou a bimbinela aberta. Não gosto de cheiro de casa fechada, Malvino. Disse para o papagaio. O Louro se arrepiou e concordou. Que fedor! Que fedor! E foi se ajeitar no poleiro, perto da lareira.
Apagou os lampiões e colocou a velha lata na beira da calha, para aproveitar a fina garoa e dormir com o tamborilar da água caindo.
Já estava na cama quando ouviu baterem a porta. Na verdade não era um bater, estava mais para um arranhão. Gambás, pensou rindo. Desta vez fechei a porta, eles não vão levar o charque. Virou-se para o lado e os arranhões continuavam. Vão embora, amanhã D. Julia vai separar os restos de afogadinho para vocês. Mas, o visitante insistiu e achando que podia ser Marvin que havia ficado para fora da casa de Petit Enfant, o Taverneiro colocou os tamancos e foi conferir
quem estava na porta. Acendeu o lampião e pela bimbinela iluminou a entrada da Taverna. Marvin? Chamou. Mas o que viu a porta foi um largo sorriso, seguido de vários espirros. Pretinha!!! Disse o Taverneiro, apressando-se em abrir a porta! Como você chegou aqui? A cadela logo pulou no Taverneiro, lanhando seu braço. Pretinha sabia sorrir. Tinha herdado isto de sua avó, uma cadelinha que o Taverneiro criou em Bucaneiros, muitos anos antes de ter a Taverna em Dark. Pretinha estava muito eufória, a viagem de Bucaneiros até Dark havia sido longa e ela estava feliz em ver seu velho amigo. Pretinha morava em Bucaneiros com sr. Delegado, mas saudade do amigo a fez ir em busca dele em Dark.
O Taverneiro logo foi atrás de uma vasilha e água para sua amiga. Ela comeu e depois de satisfeita foi pegar os tamancos do Taverneiro. Sim, sim, hora de dormir, vamos!
Subiram a escada e quando se deitou o Taverneiro lembrou que não havia trancado a porta. Olhou para Pretinha e nem se deu o trabalho de levantar novamente. A sua velha amiga não ia deixar nenhum Gambá passar por ali.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Mensagem na Garrafa

Alvorada na praia da Rama. O sol desponta atrás da Ilha do Farol. O velho taverneiro observa petit que procura garrafas de mensagens enquanto Marvim se diverte correndo para todos os lados, espantando as gaivotas. Ele se acha o rei da praia, acredita Petit. Hei! Veja! Grita Petit enquanto corre de encontro com o taverneiro. Achei uma garrafa pedindo socorro! Traga rapido diz o velho amigo, Vamos ajudar! Abrem a garrafa e dentro a mensagem que Petit lê em voz alta: "Periquito esta com o papo inchado e inflamado, o que fazer? O velho taverneiro pensa por instantes, lembra rapidamente das histórias e experiências pelas quais passou e diz para petit, enquanto passa a mão pela barba desgrenhada. Escreva no bilhete: "Traga-o para a praia da Rama, a mãe dele foi curada aqui." Petit rapidamente escreve a mensagem com seu lápis de carvão no bilhete que acabara de achar. Faz um canudinho, depoista no fundo da garrafa e a devolve ao mar, na esperança que ela chegue até as margens da Praia do Tiete, de onde ela originou. Só para garantir que os Santos e entidades garantirão o retorno da mensagem, eles tomam o caminho da casa de Da.Elda, seguidos por um esbaforrido Marvin, pedir para ela bater uns tambores.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Entusiamo da Pelota em Dark

Sazarg pegou sua prancheta e preparou-se para montar o time. Junto com o Taverneiro mostrava-se a pessoa mais empolgada de Dark com o futebol. Aliás, já estava pensando em ir até Saint John para ver com Marconi o que seria necessário para narrar pelo Radio uma partida de futebol.
Enquanto isso ia fazendo seu selecionado. Acreditava que Petit poderia ser aproveitado. Mas Dulcce duvidava muito que o menino aguentaria o tranco dos maiores. Ele precisa jogar com crianças do tamanho dele, Homem! Pela Hóstia Consagrada. Se Santis tromba com o menino vai quebrar uma perna e um braço! Salzarg suspirou. Na verdade a esposa tinha razão. Era muito grande a diferença de tamanho. Habilidade nem tanta.Nenhum deles tinha. Mas, Petit, embora achasse que não, era um excelente pegador de bolas. Quem sabe um time infanto-juvenil? Era uma idéia a ser amadurecida. Voltou a prancheta. Quem seria o próximo a ser escalado?
Olhou para a foto que o Sr. Rodrigo, fotógrafo, registrou o momento em que Petit Enfant segurava a bola de capotão dada pelo Taverneiro, ao lado de sua mãe. Não parecia feliz. Mas demonstrava seriedade. Infanto-juvenil. Deve ser promissor, pensou, rabiscando a prancheta....